Um pouco da personagem
Clara escutava das pessoas que a ter conhecido mudara suas vidas. Sentia-se estranha, pois o convívio com as pessoas também a modificava. Ainda que fosse ligeiramente misantropa gostava de conversar com alguns, só os especiais.
Havia dado vários foras nessa altura do campeonato. Não foras no sentido de vexames. Dar fora, gíria que significa, em regiões do Brasil, dispensar possíveis relacionamentos amorosos. Achava que, para namorar, ser fiel e essas coisas de estar com só um alguém, só com quem valia a pena. As pernas tinham que bambear, o coração pulsar, talvez até um ligeiro suor, ou um frio na barriga enfim, ser algo mais que um beijo na boca de momento ou uma trepada de cio.
A biologia daquela mulher não era nada vulgar. Muito pelo contrário. Seu bom gosto se equiparava aos das bichas finas. Aquelas que estão de moda sendo procuradas por mulheres e imitadas por bofes, que comem meninas por parecerem gays com seu estilo, delicadeza e vaidade.
As reações psicossomáticas do amor havia tempos que não a atacavam. Enquanto isso, fazia questão de despertar-se hedonista todos os dias. Enfim, curtir a vida, as pessoas, o momento. O fato é que a reciprocidade do desejo de um relacionamento estável era uma raridade. Horrível isso. Quantas histórias de amor perdidas no “se”, na possibilidade, na imaginação do desejo, do querer sonhador, da utopia. Não gostava de dar foras.
Friamente, só observava as passagens, meio que aguardando pelo devir como uma maldição de nascença. O futuro dos sonhos era tão palpável quanto a realidade. Onde essa imaginação da personagem vivia tinha um nome. Depois ela conta...
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